sábado, 26 de novembro de 2011

Nariz tem pontos específicos para identificar cheiros

Assim como a língua tem zonas para identificar o sabor, no nariz existem mais de 400 tipos diferentes de receptores de cheiro Os milhões de receptores de cheiro do nariz não estão espalhados ao acaso segundo um novo estudo. Na verdade, eles estão reunidos em pequenos pontos específicos que ajudam o cérebro a discernir os cheiros bons dos maus, entre outras funções potenciais.
A descoberta foi feita colocando-se sensores eletrônicos grudados nos narizes das pessoas para medir a vibração dos neurônios nasais enquanto elas eram expostas a diferentes cheiros. O resultado do trabalho mostra que o fato de um cheiro ser agradável está “impresso” dentro de nossas cabeças, levantando a questão do quanto a experiência de vida impacta a forma como as pessoas percebem cheiros. “É ao mesmo tempo animador e perturbador”, disse o neurobiologista Don Wilson da Universidade de New York, nos Estados Unidos, que não participou da pesquisa. E completou: “[O resultado] não se encaixa no que eu e muitos outros pesquisadores pensam sobre cheiro”. Em vez de o cérebro processar toda a informação dos cheiros parece que os neurônios nasais pré-processam parte deles – quase como se o nariz tivesse seu próprio cérebro em miniatura. Ao testar o nariz de camundongos para medir como os neurônios nasais deles se ativavam, cientistas já haviam descoberto que os receptores de cheiro podem ser organizados em grupos, semelhante à maneira como a língua tem zonas para detectar sabores específicos, como ácido, doce e salgado. Mas o nariz dos roedores tem mais 1200 tipos diferentes de receptores de cheiro e mesmo ao fazer uma pequena prova para testá-los pode tocar milhares desses receptores, tornando difícil obter um resultado claro. Humanos, por sua vez, tem apenas cerca de 400 tipos diferentes de receptores, aumentando a possibilidade de sucesso no processo de conseguir dados com sondas de um nariz.
Como o nariz sabe? Uma equipe liderada pelo neurocientista Noam Sobel, do Instituto de Ciência Weizmann em Israel, pediu para mais de 80 pessoas de várias culturas cheirarem substâncias com odores conhecidos por serem agradáveis ou desagradáveis. Cheiros comuns podem ser compostos de dezenas de compostos, então Sobel e seus colegas sopraram apenas compostos puros nos narizes das pessoas, um cheiro de cada vez. Reunindo 801 registros neurais dos narizes das pessoas, a equipe descobriu que algumas regiões do epitélio são melhores para detectar aromas do que outras. Os pesquisadores também descobriram que os pontos específicos são melhores para interpretar tanto cheiros prazerosos como não-prazerosos. “Para minha surpresa, isso significa que alguma coisa no epitélio está sintonizada para pegar informações específicas em certas zonas”, afirmou Wilson da Universidade de New York. E completou: “Não entendemos os propósitos dessas zonas, mas isso é animador”. O estudo foi publicado online no periódico científico Nature Neuroscience.